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sexta-feira, 27 de abril de 2012

A política de saúde como desculpa para acessar o dinheiro da Gestão Plena de Saúde


Já era esperado que em 2012, por ser ano eleitoral, aumentassem as investidas do poder público municipal de Itabuna em busca dos recursos financeiros da média e alta complexidade da gestão plena da saúde. E por esse motivo no mês de fevereiro criou-se, por consenso dos conselheiros municipais de Saúde, inclusive com a presença do secretário municipal de Saúde e demais conselheiros que representam a gestão municipal, uma comissão técnica, formada por entidades isentas no debate, para definir se o Município reuniria as condições de pleitear o retorno do comando único da saúde. Ficaram de fora dessa comissão o poder público municipal e a Sesab, justamente para evitar que os interesses influenciassem os trabalhos.

A conclusão desse estudo confirmou o que toda a cidade já sabia, que o poder público municipal não busca sanar as irregularidades e deficiências existentes na atenção básica e no Hospital de Base. Muitas delas apontadas reiteradas vezes pelo Conselho Municipal de Saúde e pelo Ministério Público Estadual, onde certamente se as recomendações que visavam solucionar os problemas tivessem sido seguidas, inevitavelmente o comando único da saúde já teria se restabelecido em Itabuna.

Não poderia ser diferente. Aliás, qualquer órgão que vá analisar seriamente a possibilidade de retorno da gestão plena da saúde em Itabuna, levando em conta critérios técnicos, teria resistência em opinar positivamente. Serviços como o de saúde bucal não funcionam, a estrutura dos postos de saúde deteriorada, atendimento ao usuário totalmente precarizado, frota da Secretaria de Saúde servindo outras finalidades, acompanhamentos de pré-natal não funcionam, entre outros entraves. Além de tudo isso, as contas da saúde são reprovadas de forma recorrente pelo Conselho Municipal de Saúde e pelo tribunal de contas dos municípios.

Se observarmos apenas o Hospital de Base, veremos que por lá não se faz licitações, inchou-se o quadro de funcionários com indicações políticas – saindo 300 para mais de mil funcionários -, e com graves indícios de desvio de dinheiro público, frequentemente apontados pelo Ministério Público.

O atual prefeito de Itabuna padece de um mal inaceitável. Ele só enxerga aquilo que quer ver e assim, para ele, estariam errados o Conselho Municipal de Saúde, o Ministério Público Estadual, o Tribunal de Contas dos Municípios e quem mais ousar contribuir apontando as falhas da saúde local. O resultado disso é que, como ele se nega a corrigi-las, a população, que precisa dos serviços, é quem padece com as consequências de seus atos.

Raimundo Santana é coordenador do SINTESI e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Saúde.

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