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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Jovens - não seremos para sempre

"Velho é toda pessoa que tem 20 anos a mais do que eu". Esta era a frase preferida de um amigo, que faleceu há bem pouco tempo, com 87 anos de idade. Portanto, para ele, velhos eram somente aqueles que tinham 107 anos. Você conhece alguém com esta idade? Hoje em dia, para a nossa sociedade, qualquer pessoa com mais de 40 anos já deveria estar fora do mercado de trabalho - e a maioria está; substituída por pessoas bem mais jovens e, consequentemente, mais baratas. Tendo em vista que a idade média do brasileiro está se aproximando dos 80 anos, como iremos sobreviver 40 anos à margem do mercado de trabalho formal, com carteira assinada e toda a segurança financeira que um emprego proporciona? Um profissional que rompe a barreira dos 40 tem como única garantia a sua capacidade de reinventar a vida. Aos 50, a coisa já está muito complicada e, a partir dos 60, nada mais resta, infelizmente. Nesta última faixa etária, na qual entrei no ano passado, as perspectivas são a de aos poucos ir consumindo o pequeno patrimônio que a minoria conseguiu acumular, tentar adequar a vida, sempre abaixando o patamar de gastos, ou seja, empobrecendo dia a dia. Aqueles que confiaram que teriam a segurança da aposentadoria - o que iria pelo menos proporcionar uma independência financeira -, então nem se fala. Os mesmos veem o seu poder de consumo minguar e a dependência dos familiares passa a ser a última esperança. Mas o que fazer com quem não têm descendentes, ou que só tenha um, ou no máximo, dois filhos, que hoje é a média das famílias brasileiras? Quem irá tomar conta dessas pessoas? Se o governo não perceber a "bomba-relógio" que ele mesmo está armando, daqui a muito pouco tempo passaremos a ter um imenso contingente de idosos abandonados, sem que ninguém olhe por eles. Faz-se necessário pensar em políticas públicas que privilegiem esta grande parte da população, que não para de crescer, não só para si própria, mas para todo o sistema público de saúde que, a cada dia que passa, demanda mais cuidado e que gera grandes despesas. É urgente pensar em se criar cursos de "cuidadores de idosos", espaços públicos voltados ao lazer e entretenimento desta vasta parcela da população, revisar os cálculos atuariais das aposentadorias e, antes que os nossos idosos se tornem totalmente dependentes, aprovar leis de incentivo, ou mesmo cotas, que propiciem ocupação remunerada a quem ainda pode contribuir com sua experiência para o bom resultado das organizações.

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