Renan Araújo, secretario de Saude de Itabuna
“Os serviços vão melhorar com volta da gestão plena”
afirma o secretário de
Saúde de Itabuna, o médico Renan Araújo. formado pela Escola Baiana de Medicina
em 1983, especialista em medicina do trabalho e em higiene ocupacional pela
Ufba, supervisor pericial da Previdência Social.
Médico regulador da
Secretaria Estadual de Saúde, Araújo assumiu o caro de secretário do setor em
Itabuna neste ano. Nesta entrevista exclusiva, Renan Araújo fala das vantagens
da Plena e dos projetos em andamento.
Quando as
unidades básicas de saúde serão entregues?
As três
unidades (Conceição, São Roque e Novo São Caetano) estão sendo reformadas e
serão entregues até junho.
Mas ainda existem
unidades em péssima situação.
Sim. Já enviamos projetos
para o Ministério da Saúde para construir seis, para substituir as que se
encontram em situação precária e funcionam em imóveis alugados, além da reforma
das que estão em prédios próprios.
Quais estão em
pior situação?
As do João Soares, Maria Pinheiro, Nova
Ferradas e Rua de Palha. Precisamos investir para acabar com essa história de
que pobre merece um tipo de atendimento e rico, outro.
Itabuna tem uma cobertura muito baixa de equipes da família,
36,97%. Por que?
Temos um déficit de recursos humanos e de
estrutura. Mas estamos adotando medidas como a contratação de pessoal e
requalificação das unidades de saúde. Vamos ampliar não só da Saúde da Família,
mas também a Saúde Bucal, só cobre hoje 18,54%.
O
senhor esperava encontrar uma situação tão crítica?
Sabia
que havia um subfinanciamento da saúde e muito descaso. O município teve 8 anos
de administrações desastrosas. A perda da Plena comprometeu a capacidade, porém
o mais grave foi o desvio de recursos da saúde.
Pode citar um exemplo?
O desvio de R$ 2,4
milhões, que eram para a reforma das unidades de saúde. Essa foi uma situação
muito grave. Quando o dinheiro é curto, mal usado ou desviado, é o povo que fica
prejudicado.
O ex-secretário Geraldo Magela alega
que o dinheiro foi para pagar salários.
Como assim? Os
salários estavam atrasados, o Hospital de Base tinha apenas R$ 19 mil na conta e
muitas dívidas com fornecedores, funcionários e médicos. Como o dinheiro é
curto, qualquer desvio compromete os serviços.
A
situação do Hospital de Base era crítica?
Os equipamentos
eram todos muito antigos, ultrapassados, como o tomógrafo. No almoxarifado
praticamente não havia insumos e a farmácia estava completamente desabastecida.
O HB cumpria sua função?
Não. Eram poucos pacientes internados e muitos leitos vazios, porque o Hospital
de Base não oferecia as mínimas condições. O mobiliário, camas, pintura... havia
infiltração na emergência. A UTI só tinha dois pacientes e muitos respiradores
quebrados.
Como era feito o atendimento?
Parentes alugavam ventiladores pulmonares para manter os
parentes vivos. Hoje estamos reequipando o Hospital. Recebemos da Secretaria
Estadual de Saúde 12 respiradores que custaram R$ 552 mil e um gerador muito
superior ao anterior, comprado por R$ 179 mil.
O
Hospital precisa de outros equipamentos?
Precisa de
tomógrafo, raio X, ultrassom, carros de anestesia e emergência e mesas
cirúrgicas, pois o foco é que ele seja um hospital de referência em
traumatoortopedia e neurocirurgia.
E os
investimentos de curto prazo?
Junto com o presidente da
Fasi, Paulo Bicalho, estamos recuperando o Pronto Socorro e, aos poucos,
melhorando a qualidade no atendimento e de conforto para os profissionais.
Dizem que o salário dos médicos não está em dia. É
verdade?
Desde janeiro estamos pagando o salário não só
dos servidores, mas dos médicos em dia. O que não conseguimos foi pagar toda a
dívida deixada pela gestão passada. Com os servidores já regularizamos. Assim
que tiver dinheiro, quitaremos os médicos.
Como
está o projeto de regionalização do Samu?
Já está em
andamento no Ministério da Saúde. Devemos licitar a obra ainda neste mês e,
possivelmente neste ano, inaugurar. Vamos ter um Samu maior, com novos veículos,
mais unidades tipo UTI.
O que muda em Itabuna?
Ao contrário do que muitos dizem, de que tendo mais
ambulâncias virão mais pacientes da região, não é verdade. Hoje esses pacientes
já vem, só que em veículos inadequados, sem suporte de oxigênio, sem
monitoramento nem acompanhamento. Às vezes o paciente chega sem vida ou muito
ruim.
Então haverá mais possibilidade de salvar
vidas?
Sem dúvida. Os pacientes vão chegar em melhor
estado. Além disso, existe a possibilidade deste paciente ser atendido na
própria cidade, sem vir para Itabuna. A previsão é de que a Central de Regulação
Médica esteja em funcionamento a partir de outubro.
Com equipes completas?
Sim. O Samu terá
mais viaturas de suporte avançado (USA), que contam com médicos, enfermeiros e
condutor; e três de suporte básico (USB), com técnico em enfermagem e condutor.
Além da sede em Itabuna, o serviço terá bases em Buerarema, Camacan e Ubaitaba,
atendendo a 21 municípios.
A volta da gestão plena
é certeza de melhoria na saúde?
A retomada do Comando
Único de Saúde significará melhoria da gestão municipal como um todo, mais
tranquila com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece que deve ser
gasto no máximo 54% da receita com a folha. Com a plena, o teto de arrecadação
será ampliado.
Quais as outras vantagens?
Toda a rede de assistência estará sob o comando do
município. Vamos cuidar melhor não só da atenção básica, como da média e alta
complexidade. O município poderá acompanhar mais de perto o paciente e o
prestador de serviços.
Com a plena, haverá aumento
de cotas?
Hoje as cotas para exames são definidas para
Sesab. Elas realmente são insuficientes. Com a gestão plena de volta, vamos
redefinir, com aumento de cotas de exames para as especialidades com maior
necessidade.
E as UPAs 24 horas?
Os projetos estão em andamento para a construção de duas.
Elas ficarão nos bairros Monte Cristo e Fonseca, que receberá a tipo 2, que é
mais completa e suporta mais pacientes. Pelo menos uma UPA será inaugurada ainda
neste ano e vai ajudar a desafogar o Hospital de Base.
E a Central de Regulação de Leitos?
A
Central de Regulação vai disponibilizar médicos plantonistas, agentes de
regulação, durante 24 horas, ligada à Central de Regulação do Estado. A busca de
vagas será feita por esses profissionais.
Com está
a dengue? Quando o índice de 27,1% de infestação vai cair?
Melhoramos muito o trabalho de campo, com a qualificação dos agentes e
vinculação das equipes à rede de Atenção Básica. Colocamos o agente atuando
próximo ao bairro onde mora. Eles trabalhavam em turnão de seis horas e hoje são
oito horas, com intervalo.
Mas somente essas ações
são suficientes?
Estamos também adquirindo equipamentos e
melhoramos os salários. É um esforço grande e no próximo ano teremos resultado.
O positiva neste ano foi a redução significativa dos casos de dengue. Tenho
certeza que a nossa saúde entrará 2014 numa situação muito melhor.
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