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terça-feira, 28 de junho de 2016

CONCÍLIO DE NICÉIA – ATANÁSIO CONTRA O ARIANISMO


Em 330 Constantino inaugurou a nova capital do império. No breve lapso de um quinquênio, a antiga vila de Bizâncio transformou-se na majestosa Constantinopla, também chamada de Nova Roma.

Um dos locais prediletos de residência e governo do imperador era a pequena cidade de Nicéia, perto de Constantinopla. Ali o imperador e sua corte administravam os assuntos da Igreja e do império do Oriente. Quando estava no Ocidente, Constantino morou em Milão, no norte da Itália. Roma ficou praticamente abandonada pela corte imperial. Foi em Nicéia que o imperador convocou os bispos da Igreja para resolver o debate a respeito da pessoa de Cristo e da Trindade.

O ARIANISMO
Ário era um presbítero em Alexandria que negou que Cristo fosse Deus. Ário ensinava que Jesus era divino, mas de uma divindade subordinada ao Pai. Segundo Ário, Jesus era um homem que não tinha uma alma humana, já que em seu caso a alma tinha sido substituída pelo “Logos”, ou seja, o Verbo de Deus. Esse “Logos” ou Verbo era um ser espiritual criado por Deus para habitar no homem Jesus. Assim sendo, em essência Ário negou tanto a humanidade de Jesus, já que ele não tinha uma alma humana, negando também sua verdadeira Deidade.

Ário era um pregador dinâmico e famoso, tendo uma personalidade atraente. Ele inventou um slogan sobre Cristo “houve um tempo quando ele não existia”, que se tornou famoso. Seus ensinamentos logo causaram consternação no império. Alguns bispos o condenavam como heterodoxo e herege. Outros o defendiam. Houve conflitos nas ruas, especialmente em Alexandria, e muitos morreram defendendo suas crenças.

O CONCÍLIO DE NICÉIA
O principal opositor das doutrinas de Ário foi Atanásio, também de Alexandria. Atanásio afirmava a unidade do Filho com o Pai, a divindade de Cristo e sua existência eterna. A contenda estendeu-se por toda a igreja. Depois de Constantino ter feito de tudo para solucionar a questão, sem obter êxito, convocou então, um concílio de bispos, o qual se reuniu em Nicéia, no ano de 325.

O concílio durou aproximadamente dois meses e tratou de muitas questões que confrontavam a Igreja. Aproximadamente vinte “cânones” ou decretos distintos foram promulgados pelo imperador e pelos bispos, que variavam desde a deposição de bispos relapsos até a ordenação de eunucos. Além disso, o bispo de Alexandria foi declarado “patriarca” dos bispos das regiões da África do Norte e arredores, e o bispo de Roma o legítimo líder emérito dos bispos ocidentais. O imperador conclamara o concílio para dirimir a controvérsia ariana, e era a respeito dela que os bispos mais queriam falar.

Dos 318 bispos presentes na abertura do concílio, somente 28 eram abertamente declarados arianos. O próprio Ário não recebeu permissão para participar do concílio por não ser bispo. Foi representado por Eusébio de Nicomédia e Teogno de Nicéia. Alexandre de Alexandria dirigiu o processo jurídico contra o arianismo. Foi auxiliado por seu jovem assistente Atanásio, que viria a sucedê-lo no bispado de Alexandria poucos anos depois. Atanásio, que então era apenas diácono, teve direito de falar, mas não votar. Apesar dessa circunstancia, conseguiu que a maioria do concílio condenasse as doutrinas de Ário, no credo de Nicéia. Ário foi excomungado, consequentemente afastado da igreja.

Contudo Ário estava politicamente bem amparado. Suas opiniões eram sustentadas por muitos membros influentes pertencentes às classes elevadas, inclusive pelo filho e sucessor de Constantino.

Em 335, pressões políticas tinham convencido o imperador Constantino a readmitir Ário para a comunhão da Igreja. Entretanto, de acordo com as resoluções sobre o governo eclesiástico definidas em Nicéia, somente o bispo de Alexandria poderia readmitir uma pessoa excomungada em sua jurisdição. Essa pessoa, no caso, era Atanásio que havia se tornado bispo de Alexandria em 328. Ele se recusou a readmitir Ário. Como resultado, Constantino depôs Atanásio e o baniu de Alexandria.

O novo bispo de Alexandria convocou um sínodo para a reversão da excomunhão e reinstalação de Ário, agora como bispo. Na noite anterior à cerimônia, Ário morreu de causas naturais, o que muitos cristãos viram como sendo o julgamento de Deus sobre o herege.

Atanásio, o grande defensor da fé ortodoxa, passou os próximos anos de sua vida sendo repetidamente banido e readmitido por diferentes imperadores, de acordo com os ventos políticos de cada momento. Ele passou muitos anos escondido em desertos e cavernas do Egito.

Atanásio produziu muitos documentos e tratados teológicos, mesmo sendo foragido, e defendeu a ortodoxia até o dia de sua morte.

Quando um amigo de Atanásio lhe disse: “Atanásio, o mundo está contra ti”, ele respondeu: “Assim seja, Atanásio contra o mundo”. Os últimos sete anos, Atanásio passou-os em Alexandria, onde morreu no ano de 373.

Suas ideias, muito depois de sua morte, foram vitoriosas e aceitas por toda a igreja, tanto no Oriente como no Ocidente. Foram consubstanciadas no Credo de Atanásio, que durante algum tempo se acreditava haver sido escrito por ele. Porém mais tarde descobriu-se que outra pessoa o escreveu.

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