A cidade
de Itabuna nasceu às margens de um rio: o rio Cachoeira. Isto demonstra a irresistível
atração que o ser humano tem pela água. As maiores civilizações do mundo
surgiram às margens de rios, como o Nilo, o Tigre e Eufrates, o Yang-tse-Kiang.
As principais cidades brasileiras ficam às margens de rios, como as de São
Paulo, Recife, Aracaju, Porto Alegre, Manaus, Belém, entre outras.
O
primeiro núcleo que deu origem à cidade de Itabuna nasceu arraial de Tabocas. O
nome Tabocas, segundo Gonçalves (1960), surgiu quando, em 1849, ao se efetuar a
abertura da mata na margem esquerda do rio Cachoeira, havia um jequitibá que
deu muito trabalho para ser derrubado. “Dos machadeiros, o que cortasse mais
ligeiro, daria taboca no companheiro. Assim aconteceu. O pessoal que assistia o
desafio gritou: Taboca! Taboca! Tomou taboca! Daí se originou
o nome
desse lugar que ficou conhecido como Pau da Taboca” (p. 30). Há ainda outras
versões para a origem do nome. Andrade (1986, p. 16), por exemplo, escreve que “em 1867, quando
aqui chegaram os parentes de Félix do Amor Divino e teve início o desbravamento
das matas em ambas as margens do rio Cachoeira, começaram a surgir as primeiras
‘tabocas’ (roças)”. Félix Severino de Oliveira (também conhecido como Félix
Severino do Amor Divino), segundo o mesmo autor, foi um sergipano vindo da
Chapada dos Índios, Sergipe. Na margem
direita do rio Cachoeira, o Sergipano construiu a primeira casa do local, na
realidade, uma pequena cabana. Este local passou a
se chamar
de Marimbeta (hoje bairro Conceição). Se o primeiro nome dado ao local, que
será mais tarde Itabuna, originou-se em consequência da derrubada do jequitibá
ou da formação das primeiras tabocas, o certo é que o fato está relacionado ao
desbravamento para a formação das primeiras lavouras nestas paragens. Jorge Amado
assim descreve a Tabocas da época, e já acena para a mudança do nome para
Itabuna:
“Primeiro
não teve nome, quatro ou cinco casas apenas à margem do rio.
Depois
foi povoado de Tabocas, as casas se construindo umas atrás das outras, as ruas
se abrindo sem simetria ao passo das tropas de burros que traziam cacau seco.
(...) Tabocas continuava um povoado do município de São Jorge dos Ilhéus. Mas
já muita gente, quando escrevia cartas, não as datava mais de Tabocas e sim, de
Itabuna. E quando perguntavam a um morador dali, que estivesse de passeio em Ilhéus,
de onde ele era, o homem respondia cheio de orgulho: Sou da cidade de Itabuna.
Jorge
Amado, s.d., p. 21 (a) Devido ao
crescimento rápido do povoado de Tabocas, em 1906 o aglomerado foi elevado à categoria de vila e, à categoria de
cidade, em 28 de julho de 1910 (Jornal A Época, 21 de agosto de 1943).
Com a
emancipação do distrito de Tabocas, surge um novo município, a vila e termo de
Itabuna, com sede no local chamado de "Cachoeira de Itabuna". Na
verdade, o nome correto era Itaúna, nome de um afluente do rio Cachoeira, onde,
no princípio do século XVIII foi fundada uma colônia de estrangeiros,
provavelmente sírios e libaneses. Os membros dessa colônia só conseguiam falar
em Cachuêrra du Tabuna, devido à dificuldade com a língua portuguesa.
Aproveitando-se do fato, já que havia muita divergência a respeito do nome da
nova cidade, o tipógrafo Pitágoras de Freitas lançou um pequeno jornal com o título O Itabuna, nome que acabou
sendo oficializado (Jornal Agora (Documento), 28 de julho a 03 de agosto de
1996). A versão mais conhecida e aceita sobre a origem do nome Itabuna,
contudo, é a que é descrita por Jorge Amado, nascido em
Ferradas,
à época fazendo parte do município de Ilhéus e que, com o desmembramento,
passou a distrito de Itabuna: “(...) Itabuna, que em língua guarani quer dizer
‘pedra preta’. Era uma homenagem às grandes pedras que surgiam nas margens e no
meio do rio e sobre as quais as lavadeiras passavam o dia no seu trabalho”
(AMADO, s. d., p. 22 a).
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