TCU conclui parecer sobre contas prestadas pela Presidente da República referentes a 2014
Pela 80ª vez, o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) apreciou e
emitiu parecer prévio conclusivo sobre as contas da Presidência da
República, referentes ao exercício de 2014, em sessão realizada nesta
quarta-feira (7). O tribunal recomendou ao Congresso Nacional a rejeição
das contas, devido ao não atendimento de princípios constitucionais e
legais que regem a administração pública federal. A recomendação pela
rejeição das contas não ocorria desde 1937.
Em junho último, o TCU fez um primeiro pedido de esclarecimentos sobre
as contas de 2014, com prazo de 30 dias para resposta. O prazo foi
estendido em duas oportunidades, após a inclusão de novos fatos ao
processo. A Presidência apresentou as contrarrazões, mas elas não foram
suficientes para justificar as irregularidades e suscitaram a
recomendação, pelo tribunal, de rejeição das contas.
Entre as razões que motivaram a recomendação pela rejeição das contas
estão a omissão de passivos da União junto ao Banco do Brasil, ao Banco
Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e ao Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS) nas estatísticas da dívida pública de 2014, os
adiantamentos concedidos pela Caixa Econômica Federal para despesas dos
programas Bolsa Família, Seguro-Desemprego e Abono Salarial e os
adiantamentos concedidos pelo FGTS para despesas do Programa Minha Casa,
Minha Vida.
Também foram consideradas irregulares a ausência de contingenciamento
de despesas discricionárias da União no montante de pelo menos R$ 28,54
bilhões, a inscrição imprópria em restos a pagar de R$ 1,367 bilhão
referentes a despesas do Programa Minha Casa Minha Vida e a fixação de
cronograma mensal de desembolso para 2014 sem considerar a manifestação
do Ministério do Trabalho e Emprego quanto à elevação de despesas
primárias obrigatórias, no valor de R$ 9,2 bilhões, e quanto à
frustração de receitas primárias do Fundo de Amparo ao Trabalhador, no
valor de R$ 5,3 bilhões.
O relator do processo, ministro Augusto Nardes, comentou que “devido à
relevância dos efeitos das irregularidades relacionadas à execução dos
orçamentos, não afastadas pelas contrarrazões apresentadas pela
Presidente da República, não houve observância plena aos princípios
constitucionais e legais que regem a administração pública federal, às
normas constitucionais, legais e regulamentares na execução dos
orçamentos da União e nas demais operações realizadas com recursos
públicos federais, razão pela qual as contas não estão em condições de
serem aprovadas, recomendando-se a sua rejeição pelo Congresso
Nacional”.
A análise técnica das Contas de Governo realizada anualmente pelo TCU é
atribuição definida na Constituição Federal de 1988. Após sua
conclusão, o parecer é enviado ao Congresso Nacional, que tem a
competência para emitir o julgamento das contas.
O parecer do TCU consiste em avaliação do relatório sobre os orçamentos
e a atuação governamental, elaborado por diversos órgãos e consolidado
pela Controladoria-Geral da União, bem como o Balanço Geral da União,
elaborado e consolidado pela Secretaria do Tesouro Nacional. Trata-se de
um diagnóstico sistêmico sobre aspectos relevantes do desempenho e da
conformidade da gestão pública federal no ano a que se refere.
O relatório contém informações sobre: o desempenho da economia
brasileira no exercício; os instrumentos de planejamento e orçamento; a
gestão fiscal, notadamente quanto ao cumprimento dos limites e
parâmetros estabelecidos pela Lei Complementar 101/2000 - Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF); a ação setorial do governo, a partir da
análise dos indicadores e metas dos programas temáticos do PPA
2012-2015; e os resultados da auditoria do Balanço Geral da União
referente a 2014.
Em complemento ao relatório, o tribunal fornece diagnóstico abrangente
referente a 2014 sobre o tema “Governança Pública para a Competitividade
Nacional”, baseado em levantamento realizado em organizações das
esferas federal, estadual e municipal.
O tribunal emitiu alertas e recomendações ao Poder Executivo Federal
acerca das irregularidades encontradas e em breve enviará o parecer
recém concluído ao Congresso Nacional.
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