1 Como identificar uma seita:
1.
Este grupo ou comunidade considera que somente
eles possuem a salvação e que todos os outros grupos cristãos estão
irremediavelmente perdidos por não estarem dentro da “verdade?
2.
Este grupo apresenta concepções equivocadas ou
pouco ortodoxas a respeito da Santíssima Trindade, da natureza de Cristo, do
Espírito Santo?
3.
Este grupo reduz o valor da Bíblia como
revelação de Deus e como autoridade no que diz respeito à fé e prática, colocando
em condição de igualdade ou até inferior aos escritos próprios do grupo (livro
de Mórmon, publicações da Torre de Vigia, escritos de Ellen G. White, etc)?
4.
Este grupo diminui o papel único do Senhor Jesus
na salvação dos pecados, colocando outros elementos colaterais (exigência de
batismo, somente usar um determinado nome para Deus, guarda do sábado,
pertencer a aquele grupo específico, etc) como fundamentais na obtenção da
salvação pessoal?
5.
Este grupo ignora deliberadamente todas as
contribuições históricas relativas à fé cristã, como se tudo que tivesse sido
dito e escrito antes do surgimento do seu grupo fosse inválido e falso?
6.
Este grupo surgiu recentemente, entre os séculos
XIX e XX, e declara que a partir de agora a Verdade e a pureza da doutrina foi
restaurada no mundo, e tudo que houve entre a igreja primitiva do primeiro
século e eles foi apostasia?
7.
Este grupo acha que eles são os legítimos
herdeiros do cristianismo primitivo, tentando traçar ao longo da história
cristã “traços da presença deles em todas as épocas?
8.
Os fundadores deste grupo tiveram uma história
controvertida e dúbia, fazendo previsões que não se cumpriram (marcaram datas
sobre a volta de Cristo, por exemplo), ou apelando para testemunhos e
experiências religiosas que só eles vivenciaram?
9.
Os fundadores deste grupo tiveram que, várias
vezes reformular as suas previsões e suas doutrinas para contornar seus
fracassos notórios e não perder os fiéis?
10.
As
publicações deste grupo gastam um tempo enorme para elaborar uma imagem heróica
e impecável de seus fundadores, como se eles fossem seres imaculados?
11.
Os seguidores deste grupo são fortemente
aconselhados a somente lerem a literatura produzida pelos líderes e “profetas”
deste grupo, não lhas sendo permitido ler qualquer outro tipo de literatura de
qualquer outra religião?
12.
Este grupo possui nomenclatura própria para seus
rituais, reuniões e cargos eclesiásticos exatamente para diferenciá-los de
todas as outras igrejas, e assim chegar à conclusão que somente eles estão
certos?
13.
Os membros deste grupo possuem estereótipos e
características que os identificam como membros deste grupo? Existem gestos,
palavras, costumes que são típicos daquele grupo e são usados para
diferenciá-los dos demais seres humanos, inclusive dos demais cristãos?
14.
Os membros deste grupo são fortemente
aconselhados e treinados a fazer um programa de proselitismo religioso (com
forte ênfase na tarefa de aliciar membros de outras igrejas cristãs)?
15.
Este grupo exige fidelidade incondicional aos
líderes e à hierarquia instituída, de forma que os seus membros não possuam
qualquer autonomia ou liberdade de pensamento ou expressão.
16.
Este grupo pune severamente qualquer membro que
se desvia do ensinamento ou da disciplina estipulados pelos líderes, a ponto de
tratar um dissidente com total desprezo e rejeição?
17.
Este grupo possui rituais secretos que somente
são revelados aos iniciados, e em geral pessoas mais graduadas dentro da
hierarquia do grupo?
Se você respondeu sim à maioria
destas perguntas, certamente você está diante de uma seita “cristã”.
2 A diferença entre seita e heresia
Uma heresia é um desvio
doutrinário, isto é, um ensinamento que contradiz alguma doutrina básica do
cristianismo, e que passa a ser ensinado e transmitido no interior da
comunidade cristã. É importante ressaltar que existem doutrinas que são
fundamentais, que identificam um cristão como cristão, como por exemplo, a doutrina da santíssima trindade, a doutrina
das duas naturezas do Senhor Jesus, a doutrina da salvação pela graça, a
doutrina da segunda vinda do Senhor Jesus, etc, enquanto existem outras que são
secundárias, nas quais pode haver divergências dentro da cristandade sem que
isto venha a se caracterizar como heresia, por exemplo, a doutrina dos
sacramentos (batismo e santa ceia). Caracterizamos como heresia principalmente
aquilo que venha a contradizer os ensinamentos centrais, nos quais todas as
igrejas ditas cristãs concordam plenamente. Também devemos fazer menção da
diferença entre doutrina e dogma: uma doutrina é uma elaboração, fruto de uma
concordância entre as principais lideranças e resultante de inúmeras leituras e
interpretações do texto bíblico, feitas ao longo da caminhada histórica cristã,
a respeito dos temas e conteúdos concernentes à fé cristã e que os discípulos
devem tomar como base e guia em seu ensinamento, e na proclamação do evangelho
do reino. Já dogma é uma doutrina que é
tomada de forma absoluta, para a qual se rejeita qualquer questionamento
intelectual, e que deve ser assumida como axioma por todos os seguidores. Deus
nos fez seres capazes de refletir, de pensar, portanto, é da natureza humana
elaborar questões e ter dúvidas a respeito das coisas. Com as doutrinas cristãs
não é diferente, o cristão pode sim questionar as doutrinas, examiná-las sob
vários pontos de vista sem que isto caracterize necessariamente uma heresia. O
herege não é aquele que possui uma opinião diferente, mas aquele que acredita
tanto em suas opiniões que acha que deve ensiná-las a outros. Para não
transpormos o tênue limite entre a saudável investigação crítica e a heresia,
devemos ter sempre a humildade e a auto-crítica de entendermos que podemos
estar errados, e a disposição para mudarmos de idéia sempre que for necessário.
Uma seita é uma divisão causada na igreja
em geral provocada pelo ensinamento de uma heresia (ou às vezes uma seita surge
tão somente pela disputa de poder eclesiástico). Toda seita possui a característica de
transmitir ensinos e estimular comportamentos que os distingam de todos os
outros grupos e igrejas. É importantíssimo, para a auto-afirmação do grupo que
eles enfatizem bem as diferenças existentes entre aquele grupo (o único
perfeito) e todos os outros. Uma seita pode bem ser identificada por qualquer
um dos procedimentos padrão: adição, subtração, multiplicação e divisão.
·
Adição significa que uma seita, em geral,
adiciona algo à bíblia como fonte de autoridade (exemplos: “Adventistas do
Sétimo Dia”, que colocam os escritos da “profetisa” Ellen G. White no mesmo
nível de inspiração que a Bíblia, a “Sociedade Torre de Vigia”, conhecida como
“Testemunhas de Jeová”, não aceita que a Bíblia seja lida e interpretada sem o
“corpo governante”, a “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”,
conhecida como “mórmons”, além da Bíblia, têm “O Livro de Mórmon”, “Doutrinas e
Convênios e “Pérola de Grande Valor”, a “Igreja Deus é Amor” que substitui a
Bíblia pelo seu regimento interno como regra de fé e prática.
·
Subtração significa que uma seita, em geral,
subtrai algum atributo do Senhor Jesus, caindo em alguma das heresias estudadas
acima sobre sua pessoa ou sua natureza.
·
Multiplicação significa que uma seita, em geral,
prega a auto-salvação. Crer e Jesus é importante, mas não é tudo, tem que
aderir a certos ritos e práticas (como por exemplo a guarda do sábado, para os
“Adventistas do Sétimo Dia”, ou o consentimento do “profeta” Joseph Smith, para
os “mórmons”).
·
Divisão significa que a seita divide a
fidelidade a Deus com a fidelidade à organização, igualando os dois. Portanto,
qualquer que desobedeça, ou questione qualquer preceito ou ordenança da seita é
excluído da graça de Deus. Não existe salvação fora do seu sistema religioso.
3 Panorama histórico das heresias na cristandade
- Gnosticismo: Criam em um Deus totalmente abstrato,
que não tem qualquer interação com o mundo criado. A criação do mundo
seria relegada ao demiurgo, que os gnósticos identificavam com Iahweh do
antigo testamento (e por qual não nutriam qualquer simpatia). Jesus, como o logos divino, não poderia
ter se encarnado, pois ele não poderia se misturar com a matéria (inerentemente
ruim, segundo o ponto de vista deles). Assim, Jesus seria uma manifestação
puramente ilusória, aparente. Atualmente, a Legião da Boa Vontade é a
seita mais popular que expressa alguns ensinamentos parecidos com o
gnosticismo. O espiritismo Kardecista e todas as suas variações, também
sofreram forte influência do
gnosticismo.
- Docetismo:
Uma variação do Gnosticismo que afirmava que Jesus era um fantasma, uma
aparência, e sua morte na cruz na podia ter ocorrido de fato, pois se Ele
é Deus, então não poderia sofrer.
- Maniqueísmo:
Fundado pelo bispo Mani (morto em 276DC) tem como base a filosofia
dualista persa, introduzida por Zarathustra, que dividia o universo em
dois reinos, igualmente poderosos e em permanente conflito: O reino da luz
e o reino das trevas. Cristo, para os Maniqueístas, nunca poderia ter se
encarnado, pois Ele, sendo inteiramente luz, não poderia se imergir no
domínio das trevas.
- Neoplatonismo:
Fundado por Plotino (205DC - 270DC). Influenciado pelos escritos do filósofo Platão, Plotino uma doutrina
que negava a matéria, considerando-a como algo mal por si mesmo, somente a
realidade espiritual era essencialmente boa. Os Neoplatônicos tinham
problemas semelhantes aos Maniqueístas com respeito à encarnação do Senhor
Jesus.
- Monarquianismo:
Enfatiza a unidade de Deus, então rejeita qualquer alegação de que o
Senhor Jesus ou o Espírito Santo possuam, de fato, a natureza divina. A
seita Testemunhas de Jeová talvez seja o maior expoente deste tipo de
visão. De fato, esta seita apresenta um ensinamento mais próximo do
Arianismo, que vamos explicar logo abaixo.
- Patripassionismo:
Identifica Jesus como o Pai, como a mesma pessoa, portanto, foi Deus Pai
que morreu na cruz. A igreja e conjunto “Voz da Verdade” é hoje em dia o
veiculador deste tipo de ensinamento.
- Sabelianismo,
ou modalismo: É a crença que Deus Pai, Jesus e o Espírito Santo, sejam a
mesma pessoa, apenas diferentes manifestações temporais de Deus. Em geral,
as igrejas que seguem este tipo de doutrina enfatizam o batismo em nome de
Jesus, por exemplo, a igreja “Tabernáculo da Fé”, do “profeta” William
Marion Branhan, a Igreja local de Witness Lee (conhecida pelo jornal
Árvore da Vida).
- Ebionismo:
Doutrina que enfatiza a natureza humana do Senhor Jesus, negando-lhe
qualquer divindade, ou mesmo pré-existência. Mesmo assim, os ebionitas
criam em Jesus como o Messias, sofrendo hostilidades tanto da parte dos
Judeus quanto da parte dos cristãos.
- Arianismo:
Fundado por Ário (256DC -336DC), presbítero em Alexandria, esta doutrina
prega que Cristo, o Filho é a primeira e mais importante criação de Deus,
portanto, não sendo igual a Deus. Este é um dos ensinamentos centrais da
seita “Testemunhas de Jeová”.
- Apolinarismo:
Defendida pelo bispo Apolinário de Laodicéia (morto em 392DC), era uma
doutrina que enfatizava a natureza divina do Senhor Jesus. Basicamente
dizia que a divindade de Jesus correspondia à sua alma, portanto, Jesus
não teve uma alma humana, sendo assim, Jesus não poderia ser
verdadeiramente homem.
- Nestorianismo:
Fundado pelo bispo de Constantinopla, Nestório (380DC – 451DC), esta
doutrina afirmava que as duas naturezas de Cristo não se misturavam, a
divindade de Cristo era análoga à habitação do Espírito Santo no crente.
- Monofisismo:
Esta doutrina enfatizava a existência de uma única natureza do Senhor
Jesus, divina e humana, amalgamada. Esta doutrina ainda é praticada pela
igreja cristã na Síria.
4 A fragilidade doutrinária da igreja atual e a ameaça das seitas
Por que é importante o estudo sobre seitas? Basicamente, porque as seitas,
principalmente aquelas que se dizem cristãs, pescam em aquário, isto é, seu
público alvo primordial são os cristãos de outras igrejas (mesmo eles
declarando que estão interessados na evangelização dos pecadores). Não nos
enganemos, os membros de uma seita são treinados ostensivamente para o debate
intelectual, eles são treinados a utilizar textos bíblicos que possam servir de
base para suas doutrinas, e principalmente, eles têm argumentos para refutar as
objeções de outros cristãos que também utilizam a Bíblia em sua argumentação.
Meu conselho é: não vá para um debate aberto com um deles, a não ser que você
esteja realmente preparado. Uma segunda dica importante é não cair na armadilha
de argumentar somente em cima de textos bíblicos, o mesmo texto que você
utiliza na intenção de refutar as doutrinas da seita pode servir de munição
para eles no sentido de corroborar seus ensinos. O texto é o mesmo, o que muda
é a leitura que se faz dele, entramos ai no domínio da hermenêutica. Uma boa
leitura do texto bíblico requer estudo, tempo e reflexão. É um trabalho
intelectual, além de espiritual. O conhecimento é a principal arma contra a
obscuridade intelectual e as falácias lógicas.
Neste ponto, temos que reconhecer uma fragilidade presente na igreja
atual, principalmente no Brasil. A igreja cristã evangeliza corre o risco de se
tornar uma religião popular. A religião popular possui algumas características
facilmente reconhecíveis em nossos cultos, na literatura cristã da moda nas
lideranças evangélicas que aparecem na mídia, etc. Primeiramente, nota-se um
desvio de ênfase, ao invés de doutrina bíblica, o povo é alimentado com
versículos chave e frases de impacto, transformadas em geral em músicas,
cantadas e repetidas “ad nauseam” nos cultos públicos. As pregações da maioria
dos pastores tratam mais de auto-ajuda, cura interior, bênçãos, prosperidade,
batalha espiritual e tantos outros modismos e conceitos novos que dificilmente
se acha espaço nos púlpitos para uma reflexão séria sobre a doutrina da graça,
da segunda vinda de Cristo, da ressurreição do corpo, etc. A igreja evangélica
brasileira, com seu vertiginoso crescimento nas últimas décadas, sofreu um
afrouxamento doutrinário e ético para acomodar este novo público, oriundo do
catolicismo popular, do misticismo de todos os tipos, do espiritismo, das
religiões afro, etc. Até um certo sincretismo é notado em algumas igrejas ditas
evangélicas, incorporando termos e nomenclatura própria destas religiões. A
ética cristã fica fragilizada, reduzida a usos e costumes, em geral de caráter
proibitivo e relacionados aos aspectos da sexualidade, sem qualquer
desdobramento para outros aspectos da convivência social, da ética política,
econômica, ecológica, etc. Finalmente, o membro comum de uma igreja evangélica,
como representante legítimo da população brasileira, é, em geral, avesso ao
exercício intelectual, mesmo que seja sobre as doutrinas básicas da fé cristã,
relegando este tipo de atividade aos pastores, seminaristas e missionários, ao
membro somente restam fórmulas prontas, a serem aprendidas e repetidas nas
músicas e nos encontros de massa. Esta fragilidade doutrinária característica
da maioria das igrejas evangélicas brasileiras torna seus membros presas fáceis
para os praticantes de seitas, que trabalham duro para arregimentar novos
adeptos.
Qual a solução? Como fazer com que o cristão seja mais bem preparado?
Bem, não existem fórmulas prontas, o que diremos a seguir são alguns conselhos
práticos que podem ajudar, mas não é tudo. Primeiramente, é importante conhecer
as doutrinas elementares. Este conhecimento tem dois aspectos: o universal e o
confessional. O aspecto universal consiste em conhecer o que foi dito e o que
foi concordado ao longo da história da igreja cristão sobre as doutrinas
básicas, doutrinas estas que são compartilhadas pelos católicos romanos,
ortodoxos e pelos protestantes de maneira geral. Os credos, apostólico e
niceno, e a definição de Calcedônia, que estão em anexo a estas notas, são dois
documentos históricos importantes que sintetizam as doutrinas elementares da fé
cristã. O aspecto confessional consiste em conhecer bem as doutrinas de sua
igreja, em nosso caso, a doutrina da igreja batista, que pode ser encontrada na
declaração doutrinária e nos princípios batistas da Convenção Batista Brasileira
Em segundo lugar, o conhecimento
da história da igreja também pode ser útil, pois muitos ensinamentos veiculados
pelas seitas já foram veiculados no passado e refutados em outras ocasiões.
Este conhecimento nos ajuda a colocarmos a discussão em um outro patamar, de
onde podemos ter uma visão de longo alcance. Outro detalhe importante é
conhecer a origem destas seitas principais, para percebermos o ridículo de suas
afirmações, pois se eles estiverem certos, isto significaria que durante 18 ou
19 séculos de cristianismo, todos estavam errados, somente agora, depois que a
seita deles foi fundada, é que o verdadeiro cristianismo está sendo anunciado.
Não devemos nos esquecer, sobretudo, do amor, da sabedoria que vem do alto,
para tratarmos com respeito e cuidado os membros de outras crenças, eles também
precisam conhecer a verdade, o importante não é o embate de idéias, mas a
identificação de almas, o relacionamento pessoal, o testemunho cristão e o amor
fraternal, que nos identifica primordialmente como discípulos de Jesus Cristo.
5 Igreja, Católica por natureza, Protestante por metodologia
O credo niceno possui um artigo de fé que diz: “Creio na igreja una,
santa, católica e apostólica”. Não devemos confundir igreja católica e
apostólica com a igreja de Roma, que tem como autoridade suprema o Papa. O
termo “católico”, significa “universal”, assim a igreja católica é a igreja do
Senhor Jesus Cristo, que teve início com os apóstolos e passou por dois
milênios de história, muitos contratempos, mas também muitas vitórias, história
esta a qual pertencem a tradição dos autores bíblicos do novo testamento, dos
pais da igreja, dos grandes credos da cristandade, dos reformadores
protestantes e todos quantos creram e proclamaram as virtudes daquele que nos
tirou das trevas para sua maravilhosa luz. Esta igreja existiu em todas as
épocas e hoje está presente em todas as igrejas (inclusive na romana), mas não se
confunde com nenhuma comunidade de fé ou denominação específica. Esta igreja
santa e una é que nos liga como irmãos na mesma esperança da vinda de Cristo e
nos identifica como povo, de todas as raças povos tribos e nações. Portanto, a
igreja, por natureza é católica, pois a salvação em Cristo foi dada
gratuitamente a todos quantos nele crerem. É nesta igreja que estamos
conectados ao apóstolo Paulo e ao irmão da tribo Zulu, na África. Também a
igreja é universal pois respeita as particularidades de cada cultura, ao invés
de suprimir a cultura, o evangelho vem para redimir a cultura, mas o japonês
não deixa de ser japonês, de fazer as coisas de japonês, de comer as comidas de
japonês, etc, porque se tornou cristão, assim também o árabe, não deixa de ser árabe,
ou o indiano não deixa de ser indiano, usando roupas de indiano, falando como
indiano, comendo como indiano, só porque recebeu o evangelho do Senhor Jesus. O
lema desta igreja universal deve ser: “Nas coisas essenciais, unidade, nas
coisas secundárias, liberdade, em tudo, amor”.
Por outro lado, a igreja do Senhor Jesus deve ser protestante (inclusive
nossos irmãos católicos romanos). Lutero enfatizou corretamente em sua reforma
protestante o livre exame das escrituras por todos os cristãos e o sacerdócio
universal do cristão. A todo o momento devemos nos alimentar com a palavra,
passarmos nossa vida, nossas opiniões, nosso procedimento e nossas decisões à
luz da palavra de Deus. Deus deve ser em última análise, o árbitro de todo o
nosso viver, a autoridade suprema. Nossos valores devem ser medidos pela cruz
do Senhor, todas as estruturas humanas são relativas e passageiras, elas
somente servem como elementos organizadores. Nenhuma estrutura eclesiástica, ou
autoridade humana deve tomar a primazia que somente o Senhor Jesus deve ter.
Ser protestante é, sobretudo, viver de forma autocrítica, sempre disposto a
voltar atrás, a corrigir os erros, a mudar de idéia (metanóia). A experiência
de conversão não deve ser um evento pontual, mas um estilo de vida.
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